terça-feira, 18 de agosto de 2020

DIA MUNDIAL DA FOTOGRAFIA

FOTOGRAFAR É ESCREVER COM A LUZ 

"A câmara, entretanto, ajuda a ver e rever, a multi-ver,
O real nu,cru, triste e sujo, desvenda, espalha, universaliza,
A imagem que ela captou e distribuiu, obriga a sentir
A criticamente julgar, a querer bem ou a protestar 
A desejar mudança.
Carlos Drummond de Andrade
No dia 19 de agosto de 1839 a Academia Francesa de Ciências anunciava  uma nova invenção o daguerreótipo, o antecessor das câmeras fotográficas. Desde então a "nobre arte"faz a alegria de milhões em todo o planeta. Revelar o oculto, aquilo que está por trás das aparências, registrar os momentos fugazes que não mais se repetirão, simples lembranças esmaecidas em nossas memórias.  Arte ou documentação, construída de fragmentos da vida ela é utilizada em quase todas as atividades humanas,
photo by Alcyr Cavalcanti all rights reserved

Desde aquele 19 de agosto a fotografia trilhou múltiplos caminhos. As imagens fotográficas  constituem um dos meios importantes e mais criativos para a identificação e a representação das particularidades de uma Cultura, um importante documento para a história de uma sociedade. Em uma época de crise em que  tentam impor uma "Nova Era" com conceitos envelhecidos que reaparecem como fantasmas a nos assombrar, a Fotografia vai ser mais do que nunca o testemunho de uma época, de um país que só vai poder caminhar para um futuro melhor através do conhecimento de sua história,, de sua crises, de sua superações. 
Salve Louis Jacques Daguerre e Joseph Nicéphore Niépce que iniciaram o caminho trilhado por um número quase infinito de pessoas. 

sexta-feira, 3 de agosto de 2018

ENCONTRO DE OCUPAÇÃO VISUAL NA UERJ

FOTO RIO RESISTE NO ENCONTRO DE OCUPAÇÃO VISUAL NA UERJ
O Encontro tem por característica reunir projetos que ensinam a Fotografia e o Vídeo como instrumentos de inclusão social e passa a incluir também os coletivos que se formaram a partir desses projetos e que trabalham com esses instrumentos de produção de imagens como uma forma de exercício de cidadania. O Encontro de Ocupação Visual que acontece neste ano na UERJ faz parte do Foto Rio Resiste. As atuais produções são oriundas das periferias, comunidades, tribos e movimentos sociais que colocam em debate o tema Fotografia + Cidadania. 
Ocupação visual UERJ photo    by alcyr cavalcanti

A programação foi aberta às 9,30 horas com a exibição do documentário "SOS-UERJ, A Universidade Pública Resiste" de Rafael Duarte e John Valle que enfoca a grave crise na Educação não só no Rio de Janeiro mas em todo o país. O encerramento foi às 19 horas após intensa programação com uma Roda de Conversa com os Projetos Apresentados.
O Encontro faz parte da série de eventos que fazem parte do Foto Rio Resiste uma forma de resistência contra o descaso das autoridades no campo da Cultura. Dia 03 de agosto de 2018 de 9,30 h às 19 h no auditório Cartola do Centro Cultural da UERJ no Maracanã. 

sábado, 4 de novembro de 2017

TROPICÁLIA FAZ CINQUENTA ANOS

CAMINHANDO CONTRA E A FAVOR DO VENTO

" Eu quis cantar,
minha canção iluminada de sol
soltei os panos sobre os mastros no ar
soltar os tigres e os leões nos quintais,
mas as pessoas nas salas de jantar
são ocupadas em nascer e morrer"
Caetano e Gil
 
Nos anos de chumbo um movimento tropical formado por um grupo de jovens influenciou em definitivo não só  a música popular brasileira, mas também o cinema e o teatro, a Tropicália.  Em 1967 no Festival de Música da Rede Record foi apresentada a música Panis et Circencis de Caetano Veloso e Gilberto Gil interpretada pelos Mutantes e posteriormente em julho de 1968 o álbum gravado nos estúdios da Philips. "Tropicália ou Panis et Circencis" iria marcar o início de um dos movimentos mais importantes da Música Popular Brasileira. Os Mutantes eram formados por Rita Lee Jones, Arnaldo Baptista e Sergio Dias.
Rita Lee foto Alcyr Cavalcanti all rights reserved
 
No estúdio da Philips estavam Caetano Veloso, Gal Costa, Gilberto Gil, Nara Leão, Mutantes e Tom Zé, sob a regência do maestro Rogério Duprat e com a presença de Torquato Neto e Capinam.  
O artista plástico Hélio Oiticica teve uma grande influência no movimento com sua obra "Tropicália" apresentada em uma exposição no Museu de Arte Moderna-MAM em 1967. Para Oiticica "Tropicália é a primeiríssima tentativa consciente, objetiva, de impor uma imagem obviamente brasileira ao contexto atual de vanguarda e das manifestações em geral da arte nacional".  O escritor Oswald de Andrade e seu Manifesto Antropofágico também teve grande influência na Tropicália.
O empresário e grande incentivador das artes já falecido  Guilherme Araújo foi muito importante para os jovens artistas. Muito amigo de Gal Costa deu a sugestão para que ela usasse o nome artístico de Gal Costa e não seu nome de batismo Maria das Graças,  
Como o Brasil estava sob o controle de um governo militar desde março de 1964 o Movimento Tropicalista ficou sob a mira dos censores e com a promulgação do Ato Institucional Número Cinco o ATO V  em dezembro de 1968  Caetano Veloso e Gilberto Gil foram detidos em São Paulo e posteriormente presos. Algum tempo depois embarcam para Lisboa e Paris, mas acabam resolvendo morar em Londres onde permanecem durante alguns anos.
foto Alcyr Cavalcanti all rights reserved uso proibido sem autorização

A importância do Tropicalismo foi sobretudo pelo seu aspecto artístico inovador que incorporou não só na música popular brasileira, mas também em outras artes novos padrões estéticos. Sua influencia pode ser notada na Sétima Arte  principalmente no filme de Glauber Rocha Terra em Transe um dos marcos do Cinema Novo..
Gal foto Alcyr Cavalcanti all rights reserved uso proibido sem autorização
 

terça-feira, 3 de outubro de 2017

XIV CONGRESSO NACIONAL DOS JORNALISTAS DE IMAGEM

XIV CONGRESSO DOS JORNALISTAS DE IMAGEM
O XIV Congresso realizado em Curitiba conseguiu, apesar das dificuldades, reunir representantes dos trabalhadores de imagem de vários estados. A Crise do Capital tem atingido em cheio   todos os trabalhadores em todos os países, e agora atinge todos os setores produtivos em nosso país.
foto Salvador Scofano   Elson Faxina, Alcyr Cavalcanti e Isabelle Vicentini
 
O XIV Congresso foi realizado no Palácio dos Estudantes em Curitiba no Paraná entre os dias 29/09/2017 e 01/10/2017.  A solenidade de abertura foi uma saudação aos presentes do presidente da ARFOC-Brasil Luiz Hermano Abbehusen que fez questão em seu discurso de enfatizar o esforço feito para a realização do Congresso, principalmente pelo trabalho impecável do ex-presidente da ARFOC-Brasil e da ARFOC-Paraná Irany Carlos Magno que viabilizou nosso encontro. Após a solenidade que teve também uma homenagem a todos que deram seu trabalho para engrandecer a associação dos trabalhadores em imagem foi realizado um coquetel para todos os presentes.
Os trabalhos  prosseguiram no sábado com mesas temáticas. A primeira mesa teve como tema "Novos Caminhos" com palestras da professora  Isabelle Vicentini, da Universidade Positivo,  do eminente professor e pesquisador Elson Faxina doutor em Comunicação pela Unisinos, Anabel de Sales especialista em marketing esportivo com a mediação do fotojornalista  e antropólogo  Alcyr Cavalcanti secretário-geral  da ARFOC-Brasil. A segunda mesa foi uma palestra do experiente repórter cinematográfico Jorge Lorenzini coordenador da TV GLOBO-SP.
foto Salvador Scofano
 
A parte da tarde de sábado 30 de setembro foi para Assembleia Geral da ARFOC-Brasil para discutir e apontar soluções para e estruturação das ARFOCS Regionais, da relação com a Confederação Brasileira de Futebol-CBF em função do credenciamento para profissionais em exercício de suas funções  e da elaboração da Carta aos Jornalistas de Imagem. A Carta  elaborada na Assembleia pretende dar uma orientação paraa procura de novos caminhos,  a tentativa de superação da enorme crise que afeta a todos nós que trabalhamos com imagem, onde a união para o enfrentamento do inimigo comum é fator essencial, visto que o divisionismo traz a discórdia e o enfraquecimento da categoria. O domingo foi de lazer após os trabalhos de sábado.

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

VISA POUR L'IMAGE 2017

FESTIVAL INTERNACIONAL DE FOTOJORNALISMO EM PERPIGNAN

" O autêntico Fotojornalismo está cada vez sendo menos utilizado pela grande imprensa
   mas asseguro que nunca vai morrer, porque serão sempre necessários fotógrafos para
   testemunhar tudo o que se passa no mundo. Não é o Fotojornalismo que está condenado é
   a imprensa que não faz o seu trabalho"
                                            Jean François Le Roy
As melhores imagens do Fotojornalismo em 2017 estarão expostas em Perpignan no Sul Da França no Visa Pour L'Image em sua 29a edição. O Festival acontece em vários pontos da cidade onde exposições, debates, projeções, encontros, palestras, feiras serão realizadas com a presença dos maiores fotojornalistas de todo o mundo.  
Photo by Álvaro Canovas all rights reserved
 
A primeira edição foi em 1989 e tem se repetido ano após ano, sempre no final de agosto e início de setembro. A abertura este ano vai ser no dia 02 de setembro e ficará até dia 17 de setembro de 2017. De 18/09 até dia 22/09/2017 as exposições serão dedicadas somente a estudantes previamente agendados.
Photo Laurent Van der Stockt all rights reserved
 
A exposições são o ponto alto do Festival e dentre as inúmeras mostras podemos destacar a cobertura da Batalha de Mossoul no Iraque para combater o ISIS, o Estado Islâmico com três olhares diferentes dos fotojornalistas  Laurent Van der Stockt para o Le Monde , Álvaro Canovas para o Paris Match e Lorenzo Meloni para a Magnum Photos. A última edição do World Press Photo também vai participar do Visa. 
Jean François Le Roy o fundador de Festival acredita que a insistência  em mostrar através de fotografias os horrores de uma guerra deve ser repetida até a exaustão, para que as pessoas que fingem não acreditar só assim possam algum dia ficar convencidas.

domingo, 13 de agosto de 2017

UM REVEILLON NO JACAREZINHO

NA ERA DO KOJAK UM FINAL DE ANO PRA NINGUÉM BOTAR DEFEITO
            Alô, alô W/Brasil, Jacarezinho, avião, Jacarezinho, avião
            Cuidado com o Disco Voador
                         W/Brasil (Chama o Síndico) Jorge Bem Jor
NÃO SE ENTRA EM UMA FAVELA À NOITE SEM TER SIDO CONVIDADO
Era o final do ano da graça de 1988, estávamos à beira de um Ano Novo cheio de esperanças, o Ano de 1989 seria um ano de muitas realizações e era preciso celebrar sua chegada. Eu trabalhava na equipe fotográfica do Jornal O Dia , carregava comigo a experiência de haver trabalhado em dois grande jornais, O Globo e o Jornal do Brasil e tinha a fama de ser um especialista em favelas, após a temporada na Rocinha, que rendeu uma reportagem histórica para o JB. Haviam esquecido que eu havia também sido rotulado como um "fotógrafo de coluna social", pelos três ou mais anos cobrindo a vida noturna e as socialites da cidade na época de ouro do colunismo social. Mas jornalismo é assim mesmo (ou era). As equipes para a grande cobertura de final de ano haviam sido escaladas, eu, era considerado  um "profundo" conhecedor dos meandros das favelas cariocas e fui premiado com a tarefa de passar o réveillon no meio do tiroteio. Na Favela do Jacarezinho, um dos redutos do Comando Vermelho, na época sob o reinado do Kojac, o dono do morro.
Olheiro foto Alcyr Cavalcanti all rights reserved

Sabiamente perguntei aos chefes se estava tudo combinado, afirmaram com um sonoro " Sim, claro que sim". Mas eram apenas palavras ao vento, nada havia sido combinado, seria apenas para "não ficarmos intimidados, com medo da matéria". A experiente repórter que teria sido o contato, havia se esquecido, ou parece ter se esquecido. Fomos então todo contentes para a inglória missão, que provavelmente poderia render uma capa e um destaque no jornal.
Mais do que nunca a velha máxima "Não se entra em uma favela sem ter sido convidado ou sem ter um destino certo" seria aplicada. Ao chegarmos na favela, em torno de dez da noite fomos direto para a praça principal, acho que Largo da Concórdia  (sic) que estava  deserta, um clima um pouco estranho. Estavam preparando um coreto para um baile e as comemorações. A repórter Angelina, o motorista e eu desembarcamos de uma Kombi  caindo aos pedaços  sem a logomarca do jornal,  e o motorista "malandro agulha" a toda hora usava o radio comunicador para "tirar uma onda". Ao pressentir que a acolhida não iria ser nada amistosa tive a brilhante (e única) ideia de encontrar a matriarca local e saímos a procurar.  Batemos em uma casa e nada encontramos, ninguém queria falar, nem matriarca, nem patriarca nem criança, estávamos abandonados á própria sorte. Aos poucos o tempo ia passando, em um beco as caixas de som iam chegando, o palco para os festejos estava quase pronto. Fogos começavam a espocar e alguns tiros também. Faltavam quinze minutos para a meia noite, um novo ano pleno de esperanças ia começar, e começou. De vários becos em plena escuridão, de repente sai uma tropa de uns trinta jovens não com foguetes e bombinhas comemorativas, mas com fuzis, pistolas e vem aos gritos em nossa direção, : "Que porra é essa, guarda esse troço"  em relação à minha velha Nikon. Fiquei petrificado, sem ação enquanto um deles apontava sua arma o outro fez um sinal negativo para mim e foi direto ao rádio comunicador, privilégio de policiais e jornalistas, e foram diretos a nos acusar de X-9. Meio gagos e trêmulos dissemos a um dos jovens soldados que éramos do Dia e estava tudo combinado com o Kojak, mas eles deram um sorriso estranho e disseram que nada havia sido passado a eles e que o tal Kojak não mandava nada e após uma pequena confabulação  disseram para ir embora, "vazar" com muita rapidez sempre com as "peças" bem carregadas apontadas para nós. . O Kojak das Joias como era conhecido tinha conseguido levar a Escola de Samba Unidos do Jacarezinho para o Grupo Especial no Carnaval 1988. Ao que parece já havia uma cisão no movimento e  Kojak era a "bola da vez", foi executado e arrastado como um animal pela favela um tempo depois, mas quem havia ficado na redação não sabia nada de Jacarezinho, ou esqueceu que nas mais de 950 favelas da bela cidade de São Sebastião o movimento é extremamente móvel, e tudo muda com muita rapidez e como diria um cientista social de gabinete "A correlação de forças mudou", mas em realidade "no Jacaré o buraco é mais embaixo".
Claro que após a recepção nada amistosa, entramos na Kombi e fomos embora, aparentando calma, a essa altura estávamos congelados de medo, a repórter Angelina estava paralisada no banco de trás e balbuciava frases desconexas. Ao sair vagarosamente a dez km ainda tive a infeliz ideia de falar a um dos rapazes que se preparava para botar as caixas de som a mil decibéis se podia tirar uma foto do grupo, e respondeu simplesmente apontando para uma arma que estava em sua cintura e notei que logo atrás dois soldados estavam na contenção. Só então caímos na realidade que era sumir dali o mais rápido possível e fomos á procura inglória de um bar para baixar o nível de stress, mas era tudo um deserto só, as pessoas ou estavam trancados em suas casas a festejar, ou todos na Praia de Copacabana na saudação à Rainha do Mar. Fomos cada um de volta para casa completamente mudos e rezando para que o ano que começava fosse um pouco melhor do aquela noitada imensamente mal sucedida. Mas, pensando bem se fosse hoje, nos novos tempos envelhecidos do século XXI, não estaria aqui a contar como se faz uma reportagem, ou melhor como não se deve fazer a reportagem de um Réveillon no Jacarezinho.

segunda-feira, 31 de julho de 2017

A FEIRA DA FOTOGRAFIA

FEIRA CULTURAL DA FOTOGRAFIA E IMAGEM
UM PONTO DE ENCONTROS PARA OS AMANTES DA NOBRE ARTE
Todo último domingo de cada mês um grupo de amantes da nobre arte da Fotografia se reúne nos Jardins do Museu da República, no antigo Palácio do Catete para reverenciar algumas imagens e conversar sobre muitas coisas, em especial sobre Fotografia. A Feira dirigida pelo incansável produtor cultural Cilano Simões foi fundada pelo repórter fotográfico Roberto Cerqueira, falecido prematuramente.
foto Alcyr Cavalcanti all rights reserved
 
A Associação de Repórteres Fotográficos e Cinematográficos do Rio de Janeiro-ARFOC organizou a exposição em destaque do mês de Julho e a mostra fotográfica fez uma singela homenagem a um dos mestres do Fotojornalismo, Alberto Abrahão Jacob recém falecido. Jacob trabalhou em vários jornais e revistas e deixou como legado fotos que ficaram para a história, como documento. Uma de sua imagens premiadas foi "O Quase Atropelamento" vencedora do Prêmio Esso, a maior premiação em imagem, que como muitas coisas em nossa terra foram extintas.
O painel de fotografias destinado à ARFOC expôs também uma série de imagens de seu Acervo de imensa importância social, como documento histórico, que em tempos pós- modernos que um capitalismo selvagem e anacrônico insiste em apagar.